Produzir o festival Tropixel tem sido uma jornada incrível. O ritmo se intensificou nos últimos dias. Tenho feito jornadas extensas (ontem mesmo comecei às oito e quinze, e ainda não parei agora, quase duas da manhã de um novo dia). Além da comissão organizadora do festival que me acompanha, quase toda à distância, há meses, agora a Malu Andrade também chegou para somar. Hoje de manhã a Carolina Striemer me acompanhou pela cidade colando cartazes, e à tarde nossa filha me acompanhou por aí, negociando, conversando com as pessoas, chamando cada vez mais gente.
Tenho cada vez mais certeza de que o festival vai reverberar por muito tempo nessa cidade. Me parece que mesmo que a gente cancelasse tudo agora e nenhum dos convidados de fora aparecesse, ainda assim já veríamos muitos resultados. A aspiração dessa cidade por transformação, pelo reconhecimento de seus méritos e pelo desenvolvimento de seus talentos já está aqui, latente. Nessa preparação do festival, fiz mais de uma vez movimentos pequenos de aproximação entre pessoas que já deveriam ter se aproximado antes, mas faltava só aquele empurrãozinho. Toda essa projeção, esse exercício de imaginar futuros melhores para Ubatuba, para as pessoas que vivem aqui e para a natureza que a preenche e transborda pode acontecer pelas cabeças e mãos das pessoas daqui, se nós simplesmente começarmos a trabalhar juntos.
Ainda assim a gente quer trocar, a gente quer aprender, a gente quer interferir e criar. Daqui até o fim do mês a cidade está repleta de acontecimentos. O Tropixel é só mais um deles. Mas é um acontecimento de peso. Vamos receber entre quarenta e cinquenta pessoas envolvidas diretamente com uma ou outra atividade do festival. Ou seja, não são espectadores e nem meros turistas, não são pessoas só de passagem por aqui. São ativistas, pesquisadorxs, cientistas, artistas, produtorxs culturais. Gente que faz a diferença, em muitos lugares do mundo. Gente que vem para unir forças a todo mundo que tenta entender e melhorar Ubatuba.
Começaremos o festival na segunda-feira, dia 21, com um painel importante sobre Políticas Culturais e Transformação Social. A ideia é refletir sobre como o fazer cultural pode apontar caminhos para um modelo de desenvolvimento que seja includente, colaborativo, sustentável e solidário. Teremos a presença de Celio Turino, criador - lá se vai uma década - do programa Cultura Viva, que implantou os Pontos de Cultura; e de Americo Cordula, Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura.
Na terça o festival conta com o Seminário Sincronizando..., que traz discussões contemporâneas sobre cidade, resíduos eletroeletrônicos, bioarte e turismo sustentável. Nos dois dias seguintes, a cidade é tomada por projetos experimentais: explorações fotográficas, investigação de campo, desenvolvimento de tecnologias, oficinas, mapeamentos, projeções, intervenções urbanas, criação performática, troca de conhecimentos e muito mais. A quarta-feira se encerra com um Fórum, organizado em parceria com a Prefeitura, sobre planos de desenvolvimento de tecnologias em Ubatuba. Na quinta, vamos lançar a segunda edição da Facta - revista de Gambiologia. O Ônibus Hacker e o Labmovel circulam pela cidade com oficinas e projetos.
Na sexta-feira, dia 25, todos os times que se espalharam pela cidade reunem-se para promover a OCUPA. - ocupação cultural do Perequê-Açu. Vamos transformar, ao menos por um dia, o terminal turístico que ficou tanto tempo abandonado em um centro cultural comunitário, vibrante e dinâmico.
Alguns participantes (e o Ônibus Hacker) vão até estender sua visita a Ubatuba, para prestigiar o aniversário da cidade na segunda-feira.
Todo esse texto somente para contar que a programação está praticamente finalizada. Acessem aqui: http://tropixel.ubalab.org/ubatuba
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E para não perder a viagem, se alguém leu TUDO ISSO e se interessou, confesso que o festival ainda precisa resolver algumas coisas. Tomamos a decisão de contemplar o máximo possível de propostas enviadas ao festival. No momento, estamos com condições de cobrir o transporte e a hospedagem de quase todas entre aquelas dezenas de pessoas que mencionei acima. Mas ainda faltam recursos para bancar a alimentação, o material para algumas oficinas e mais algumas coisinhas. A gente queria arrecadar muito mais do que conseguimos com a vaquinha online - e eu agradeço profundamente às doações significativas que por ali apareceram. Mas não tivemos condições de dar tanta atenção assim à divulgação dela. Ainda assim, vamos mantê-la no ar. Se o processo do Tropixel vale alguma coisa para você, peço que nos ajude a garantir o bem estar de nossos convidados na próxima semana. Hospedagem solidária; almoços pagos; doações de pizzas, esfihas e afins serão aceitas. Dinheiro, naturalmente, também: http://tropixel.ubalab.org/pt-br/apoio