No fim do ano passado, a plataforma Pixelache abriu chamada para receber propostas de programação para a edição de 2013 do festival de mesmo nome que acontece no mês de maio. Articulei um plano de participação junto à rede bricolabs, e fomos selecionadxs.
O evento acontece entre Helsinque, na Finlândia, e a ilha Naissaar, ao lado de Tallinn, na Estônia. O tema deste ano é "facing north/facing south". Com esse mote, a rede bricolabs posicionou-se de maneira crítica em relação ao sentido usualmente reconhecido das iniciativas de "cooperação internacional". Em geral, espera-se que o norte ofereça conhecimento, recursos e produtos; enquanto o sul entra com mão de obra, recursos naturais e mercados consumidores. O que sugerimos é que, dentro dos temas que nos dizem respeito, esse movimento não segue sempre a mesma direção. Trouxemos à discussão a imagem das redes profundamente ressonantes - nas quais a localização de cada integrante é somente um dos elementos que surgem, e nem de longe o mais importante. Consigo pensar em um monte de exemplos em anos recentes de ações efetivamente colaborativas que subvertem o sentido desses fluxos. Outro tema que surgiu, como também em outros projetos em que estou envolvido atualmente, foi a ideia de colaboração antidisciplinar. Na verdade, vejo um paralelo entre a colaboração ressonante (que ignora fronteiras geográficas) e a antidisciplina (que ignora fronteiras disciplinares). Tenho tentado escrever sobre isso, vamos ver se as coisas aparecem.
Estamos construindo nossa programação entre um grupo de pessoas em pelo menos seis países diferentes (às vezes mais: as reuniões semanais por IRC não têm um grupo fechado). Por enquanto, os planos são os seguintes:
- Uma mostra sobre bricotecnologia: coisas feitas com as mãos, ou usando tecnologias abertas, ou que embutam processos abertos de desenvolvimento. Havia uma chamada por contribuições aberta até a semana passada (mas dá pra esticar um pouquinho mais, manda lá!)
- Um seminário de um dia (em 17 de maio) com paineis sobre tecnologias livres, apropriação crítica, translocalidade e outros temas.
- Sessões remotas no mesmo dia, com gente participando de diversas localidades no mundo (quer armar um grupo ou participar? me avise!).
- Workshops e grupos de trabalho mais espontâneos durante o Camp Pixelache que acontece em Naissaar. O Camp está aberto a propostas de participação, mande lá.
O processo de planejamento e preparação para o programa Bricolabs do Pixelache tem sido muito rico. Além da oportunidade de reaproximar integrantes da Bricolabs, percebi em ambas as redes e aquilo que fazemos aqui no Brasil muitos assuntos em comum (uma olhada rápida no site deles mostra uma visita a uma recicladora de lixo, encontros para recuperar equipamentos, e por aí vai). Quem sabe começamos a pensar em um evento aqui em Ubatuba ligado à rede Pixelache para o futuro...