A partir da segunda-feira 18/08, estará aberta a consulta online para decidir qual o primeiro curso a ser oferecido pelo Instituto Técnico Federal de Ubatuba, que deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2015. Quero compartilhar aqui uma reflexão sobre o tema.
Na audiência ocorrida no mês passado na qual o debate se iniciou, eu tive a oportunidade de expor a opinião de que Ubatuba deveria oferecer cursos públicos em áreas ligadas à chamada "economia criativa", apesar de eu ter minhas já muitas vezes explicitadas críticas à maneira como este campo costuma ser pensado. Não é que a economia criativa seja uma fórmula mágica para Ubatuba, mas a outra alternativa (uma visão tradicional de mercado de serviços em empresas de perfil mais tradicional) me parece muito pior. Parto do princípio de que um ensino técnico voltado ao preenchimento de vagas só contribui para a usual evasão de talentos de Ubatuba: formados sob um modelo segundo o qual o sucesso deve ser medido pelo crescimento dentro do caminho corporativo, jovens talentos logo "batem no teto" e não veem horizonte para crescimento, e acabam deixando a cidade para nunca voltar. Também externei minha percepção de que, já contando com cursos técnicos de administração, contabilidade, informática, nutrição, turismo e meio ambiente, a cidade tem uma demanda reprimida por profissionais de comunicação com uma formação contemporânea.
Minha opinião foi democraticamente vencida durante a audiência. Também minotirários na audiência pública foram os participantes que levantaram a demanda de cursos de design, e de sustentabilidade ou ciências biológicas. Ao fim da noite, decidiu-se que o eixo tecnológico central do IFSP de Ubatuba será "gestão e negócios". Uma resposta de pouca imaginação, na minha humilde opinião. Mesmo assim, considero importante pensar a maneira como os cursos serão montados e oferecidos. Ubatuba tem características únicas. Em especial na minha opinião, a diversidade cultural, o interesse da sociedade em participar de processos de consulta e deliberação, um número considerável de experiências de base comunitária de êxito e, obviamente, o legado ambiental.
Levando tudo isso em conta, a partir da listagem de cursos que podem ser ofertados, eu escolheria como primeira opção o "técnico em cooperativismo", que me parece importante para auxiliar uma série de iniciativas importantes de Ubatuba que podem tornar-se referência. Minha única dúvida é se seria possível mobilizar gente suficiente para entender a fundo e fazer esta escolha dentre as possíveis.
Uma segunda alternativa seria escolher o "técnico em marketing", desde que se pudesse interpretá-lo de uma maneira mais aberta - pensar marketing como ferramenta de atuação em mercados sustentáveis, transicionais e de base comunitária. E de quebra formar pessoas aptas a enfrentar a incomunicabilidade crônica das instituições públicas, empresas privadas e organizações do terceiro setor em nossa cidade.
No fim, ainda indeciso. A consulta online abre na segunda-feira, e fica no ar por um mês. Há tempo para pensar, e conversar a respeito.