Estou às voltas com uma reorganização das ideias e práticas em torno do que eu chamo de Ubalab. Publico aqui esse post como um convite ao debate, e também para contar um pouco sobre como vejo a evolução disso nos últimos anos. E ainda para avisar que o site vai mudar em breve.
Quando comecei a usar esse nome, lá por 2010, a ideia era trazer para dentro do tecido social de Ubatuba a reflexão e práticas sobre cultura digital experimental, numa espécie de espelho local daquilo que eu simultaneamente pesquisava de maneira ampla e mais distanciada na plataforma Rede//Labs. Era um processo cuidadoso e lento, sem querer queimar a largada nem cair em categorias fáceis. Fiz na época uma série de pequenas ações, usei o domínio para hospedar alguns protótipos de sistemas, convoquei um grupo de emails para assuntos afins... mas foi só em 2013 que adotei uma expansão maior com a realização do primeiro Festival Tropixel.
Em determinado momento fiquei na dúvida se Ubalab era uma iniciativa coletiva ou um nome fantasia que eu usava para assinar meus projetos públicos, mas pessoais. Quando montamos o espaço de co-working hospedado na sede da Gaivota FM, o primeiro nome que tentei usar foi Ponto Ubalab. Com o tempo, para evitar ambiguidade acabamos decidindo por chamá-lo de Ninho, com sucesso. A ideia de usar o domínio ubalab.org para dar guarida a projetos coletivos também se esvaziou desde o momento em que registrei a URL ubatuba.cc, e criei ali a Wiki Ubatuba. Como também me dediquei a projetos com outras identidades, como o Ciência Aberta Ubatuba e Transformatório/TransforMatéria, cheguei a pensar que Ubalab cairia no desuso (como foi o caso do desvio.cc e do mutgamb.org). Nos últimos meses, o único ponto de resistência era uma estante lá no fundo do Ninho com centenas de livros sobre cultura, tecnologia, urbanismo, gambiarra e afins, que eu insisto em chamar de Biblioteca Ubalab e usualmente tem um único frequentador.
Eis que, no entanto, uma série de inquietações e condições da vida me buscam de volta para esta identidade. Além dos Transformatórios, que têm alguma chance de adquirir vida própria (e não limitada a Ubatuba), tenho trabalhado com uma outra perspectiva, esta sim enraizada por aqui, e com uma projeção de horizontes para cinco anos e além. Quero me dedicar a interferir no grande vazio que percebo no pleno desenvolvimento dos jovens talentos dessa terra. Como é sabido, Ubatuba não tem uma universidade atuando de maneira plena. As opções à distância ou nas cercanias têm seu papel, mas não dialogam com as questões particulares da nossa cidade - em particular, no meu ver, a demanda urgente de criar caminhos alternativos de desenvolvimento que contemplem crescimento econômico, preservação da natureza e respeito à diversidade sociocultural. É justamente neste incômodo - a ausência de atores institucionais que assumam a função de desenvolver e atrair talentos e recursos - que quero atuar. E é aí que Ubalab volta a fazer sentido - agora como laboratório experimental de educação aberta, inovação cidadã e tecnologias livres, para usar um recorte que tenho refinado por aqui.
Como iniciativas estruturantes, estou no momento elaborando um processo formativo com foco em inovação, sociedade e meio ambiente que no futuro deve virar um curso online e presencial; e um espaço de interlocução sobre ideias, projetos e recursos que se configure futuramente como uma incubadora colaborativa. São duas tarefas ambiciosas e que já de cara vão enfrentar uma série de dificuldades, inclusive de disponibilidade de recursos. Mas é onde eu sinto que Ubalab - como iniciativa minha, em diálogo com outras - pode existir e fazer a diferença. Toda ajuda será bem-vinda, pergunte-me como ;).